Asnela: Extinção ou Aproveitamento Turístico
Localização geográfica da Asnela e das aldeias vizinhas (FONTE: www.tutiempo.net)
A desertificação é mais sentida em aldeias pequenas, com poucos habitantes, como é o caso da Asnela, uma aldeia do concelho de Murça onde actualmente o número de habitantes é reduzido. Os habitantes (4) são poucos para manter a aldeia e as casas em ruínas dão mostras de um passado austero, granítico e agreste.
Casa típica da Asnela, visivelmente abandonadambora em bom estado de conservação(FOTO: Ricardo Pinto)
A Asnela é um povoado interessante pelo seu tipicismo rural. Na Asnela têm sido alvo de grande procura os casebres rudes e abandonados espalhados pela aldeia e de que os média têm feito notícia.
A panorâmica geral da aldeia engana os menos atentos pois apesar de se avistarem bastantes casas, poucas delas estão habitadas. A maioria delas pertencem a emigrantes.
Panorâmica geral da Asnela(FOTO:Ricardo Pinto)
Apenas quatro pessoas continuam a habitar na secular aldeia da Asnela que na década de 50 era habitada por 250 pessoas e que agora muitos querem transformar num local de turismo de habitação.
Num passeio pela Asnela começamos a ficar com a impressão de que se trata de uma aldeia abandonada. A maior parte das casas de granito estão degradas e a desmoronar-se. Os caminhos secundários são difíceis de percorrer devido à grande quantidade de lama, ao desnivelamento das ruas e às pedras.
Após uma observação mais atenta verifica-se que existem apenas quatro casas habitadas na aldeia.
Informações Genéricas | |
Aldeia | Asnela |
Freguesia | Vilares |
País | Portugal |
Região | Trás-os-Montes e Alto Douro |
Distrito | Vila Real |
Concelho | Murça |
População num raio de | 3136 |
Latitude | 41.417 |
Longitude | - 7.533 |
Altitude | |
Informações genéricas sobre a Asnela.
“Aqui, não há crianças…os novos foram governar a vida porque aqui não a governavam. É assim, o resto do povo foi ganhá-lo porque aqui é só miséria…só miséria.”
A dona Lucinda diz viver feliz, num lugar que apenas é habitado por mais 3 pessoas, e onde as casas, todas construídas em granito, estão a desmoronar-se. Esta recorda ainda a noite da última consoada, onde juntou em sua casa mais de 20 pessoas, entre filhos emigrados e familiares, e agrande fogueira de Natal que fizeram e que mereceu a visita de dezenas de pessoas das aldeias vizinhas.
A Dona Lucinda cultivam apenas aquilo que necessitam para consumo próprio (FOTO:Ricardo Pinto)
O Sr. Francisco e a sua esposa, habitantes da Asnela ainda se recordam quando a aldeia era muito povoada (FOTOS:Ricardo Pinto)
Na aldeia apenas existem algumas vacas e os poucos habitantes que há cultivam o que necessitam para consumo próprio: batatas, arroz, feijão, cebolas e o castanheiro, que é a árvore que melhor se adapta às regiões frias.
Não existem cafés na aldeia, e as mercearias e o pão são comprados nas carrinhas que se deslocam algumas vezes por semana a Asnela.
A esposa do Sr. Francisco, que também mora na aldeia, recorda os velhos tempos em que havia mais mulheres na Asnela:"Muitas vezes ainda cozo pão no nosso forno, mas dantes éramos dezenas de mulheres a cozer no forno da aldeia", salientou.
A Asnela já foi classificada como um "dos aglomerados mais pequenos do país". Segundo habitantes de aldeias vizinhas, já houve propostas, nomeadamente de uma empresa americana, para reconstruir a aldeia, preservando todas as suas características para a transformar num núcleo de turismo de habitação. Apesar disso, os moradores dizem nunca ter ouvido falar dessas propostas. Por outro lado, o Sr. Francisco diz ter houvido falar em propostas mas não por parte de Americanos mas sim de Inglesese e Portugueses.
Muitos particulares tentaram adquirir uma habitação na Asnela, mas os preços pedidos foram exorbitantes, o que fez com que as pessoas desistissem da ideia. Devido ao abandono dos habitantes que saíram da aldeia, tendo na sua maior parte emigrado para a França, Alemanha e Brasil, muito do património da aldeia foi destruído. As pessoas que permaneceram na aldeia foram as mais idosas, que foram morrendo, e o que impediu o completo abandono da Asnela foi o facto dos quatro últimos moradores nunca terem abandonado a aldeia. Apesar dos poucos habitantes, a Câmara investiu bastante na aldeia para proporcionar boas condições de vida aos seus poucos habitantes pois gastou cerca de 200 mil euros no posto de fornecimento de água e 150 mil euros na beneficiação e manutenção da estrada de acesso à localidade.
Localização geográfica da Asnela e das aldeias vizinhas (FONTE: www.tutiempo.net)
Infelizmente, o velho mundo rural Português está a morrer e não há forças que o salvem, apenas o património deixado o poderão imortalizar.
A população do interior de Portugal está em notório decréscimo, deixando assim aldeias como a Asnela numa “morte lenta e penosa” onde apenas o património cultural se irá imortalizar. É devido ao êxodo rural e ao fenómeno da emigração que o interior português se ressente deixando assim as aldeias do interior com uma população extremamente baixa e envelhecida. O governo não toma as medidas necessárias para o combate à desertificação e despovoamento do interior, deixando assim com que cada vez mais aldeias do interior desapareçam.
Para a Asnela e outras aldeias na mesma situação não “morrerem” será necessário explorar todas as potencialidades e criar meios para atrair visitantes que mais tarde poderão vir a morar destes locais. Será necessário valorizar o que há de mais característico na aldeia, que é a paisagem, o tipo de construção e os produtos agrícolas que ainda se produzem.
Pontos a visitar num raio de 10Km da Asnela (FONTE: www.tutiempo.net)
4 comentários:
Pois, o problema é idêntico em todo o país. Quem está disposto a recuperar e habitar de facto as casas das aldeias abandonadas, não tem dinheiro para as comprar. Quem tem dinheiro para as adquirir, geralmente prefere viver nas cidades, e quase sempre quando investe na recuperação das casas para férias, fá-lo desastradamente, destruindo a traça que caracteriza o enquadramento rural. Haverá solução enquanto o estado não responsabilizar os proprietários pelo abandono?
Olá boa tarde,
Com muito espanto e alegria que vi que alguém se interessa pela aldeia dos meus avós. No entanto, gostaria de fazer algumas pequenas "correcções". A minha avó, a Srª Lucinda tem 75 anos e não 80...e o meu tio não se chama Francisco mas sim Belmiro...pequenos lapsos quase sem importância. Teria o maior gosto em comentar o responsável pelo blog. Assim sendo, aguardo um contacto, será um prazer trocar ideias e conhecimentos a cerca de uma pequena aldeia mas com um grande valor!
Obrigada.
Conheci esta pequena aldeia ao acaso. Sempre adorei o interior, acima de tudo pelo valor cultural e social. Vejo nestas aldeias o verdadeiro berço da minha, e das gerações futuras. Quando vejo o abandono desta e outras aldeias similares, o meu consciente obriga-me a pensar no rumo da sociedade e civilização. Adorei a aldeia, com a qual curiosamente me identifico. Tenho 27 anos e comprei já uma dessas ruinas, que irei restaurar de acordo com a raiz da aldeia, e acima de tudo com respeito por quem construiu noutros tempos algo que ainda hoje é uma obra fantástica e bela.
Bem!! e com muito orgulho que vejo este blog a minha aldeia esta no bom caminho.
Fica uma correção: o nome Francisco que se encontra a legendar as fotos, não corresponde, mas sim o meu pai chama-se VALDEMIRO.
Obrigado
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